Juliano Loureiro • 26 de setembro de 2020

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A literatura nacional é riquíssima! E não faltam artigos aqui no blog enaltecendo a nossa história e nossos autores. Para facilitar a sua busca por outros artigos complementares a esse que você está lendo, vou colocar abaixo uma lista com os principais:



Bom, agora, vamos falar especificamente deste artigo. Selecionei 6 romances nacionais de enorme relevância nacional. E, com você já deve imaginar, impossível citar todos os principais romances nacionais em um só artigo. Portanto, para que este post fique completo, cite nos comentários quais romances você considera mais importantes.


Mas o que, de fato, faz um romance ser relevante e importante? Particularmente, considero alguns fatores como: estudos acadêmicos feitos em cima da obra, impacto cultural, relevância com o passar das décadas e expressão popular. Ah, e a lista está em ordem aleatória.


Agora, chega de delongas e vamos logo à lista! Boa leitura!

Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis)

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Foi escrito inicialmente como um folhetim, de março a dezembro de 1881, na Revista Brasileira. Então, no ano seguinte foi transformado em livro. A obra teve boa repercussão na época, já que foi escrita na fase mais madura do autor, e por ter sido considerado o livro de transição do romantismo para o realismo.


A obra machadiana é de complexo entendimento, repleto de ironias, metáforas e eufemismos, retratando o cotidiano de um Rio de Janeiro pós libertação dos escravos, 1988, e Proclamação da República, 1889. É narrada em primeira pessoa, um defunto chamado Brás Cubas.


Até hoje, Memórias Póstumas de Brás Cubas é utilizado nas escolas e em projetos acadêmicos diversos sendo, na maioria das vezes, o primeiro contato que as pessoas tem com as obras de Machado de Assis.

Vidas Secas (Graciliano Ramos)

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Com um título óbvio, é o retrato fiel da vida da família retirante nordestina, que busca no sertão sobreviver, na mais pura mazela social. 


No centro da trama está Fabiano e sua família (e, talvez, um dos animais mais famosos da literatura brasileira, a cadela Baleia) que se submetem às condições quase que de escravidão para conseguirem sobreviver. Não bastante, ainda lidam com a prisão de Fabiano, a fome que leva a sacrificar animais de estimação e uma fuga às cegas rumo ao Sul do país.


Parece uma história simplista, mas Graciliano nos leva bem mais afundo, nos traz o psicológico dos personagens. Tentar entender o comportamento do homem, em um cenário desesperançoso e ainda tendo que sustentar uma família faz com que a obra tenha uma alta carga emocional. Porque, afinal, o problema é bem maior do que simplesmente mudar-se de uma região para outra.


Graciliano teve suas obras traduzidas para diversas línguas e as obras Vidas Secas, São Bernardo e Memórias do Cárcere ganharam adaptação cinematográfica.

Macunaíma (Mário de Andrade)

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Apesar das publicações fundantes do Modernismo brasileiro, a obra destaque de Mário de Andrade é Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. O livro é considerado por muitos estudiosos e amantes da leitura como um dos melhores livros brasileiros. Tamanha a sua importância, que foi até adaptada para o cinema, em 1969.


Podemos afirmar que a obra-prima é fruto dos estudos folclóricos e indígenas do autor. Macunaíma é o herói nacional, construído sem o romantismo de outros movimentos literários, mas com uma representação do povo brasileiro. Aqui, o herói é um índio preguiçoso e malandro, bem diferente do índio corajoso e honesto representado no Romantismo.


O que para muitos pode soar como uma crítica ao comportamento do brasileiro, para Mário era uma tentativa de aproximação do que é real, o índio é sim um herói nacional libertário, porém não é perfeito. 


Macunaíma também chama a atenção pelo resgate do folclore nacional. A marca da cultura indígena é intensa, desde o vocabulário até a presença de personagens típicos. Outros traços culturais brasileiros presente na obra são o erotismo e a religião.

O Triste Fim de Policarpo Quaresma (Lima Barreto)

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A obra mais famosa de Lima Barreto não foi concebida como um livro. É isso mesmo! Uma das curiosidades sobre Triste fim de Policarpo Quaresma é que a obra foi publicada, em um primeiro momento, em folhetins do Jornal do Commercio, em 1911. Somente em 1915 é que foi publicada de forma integral, em um livro.


O romance se passa logo após a Proclamação da República do Brasil e conta a vida de Policarpo Quaresma, um funcionário público bem metódico e um nacionalista convicto. Com pitadas de ironia e um tom cômico, Lima Barreto trata de questões como as injustiças sociais, o clientelismo, a burocracia e os interesses pessoais e políticos.


Em 1998, chegou aos cinemas “Policarpo Quaresma, Herói do Brasil”, uma comédia baseada na obra de Lima Barreto.

A Paixão Segundo G.H. (Clarice Lispector)

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Clarice era uma escritora de um primor único para criar uma atmosfera intimista, contra isso não há argumentos. Mas se mesmo assim, alguém teimar em discordar, A Paixão Segundo G.H. é o romance ideal para contrapor uma teimosia sem sentido. 


Considerado por muitos como a obra prima de Clarice, o romance tem como de praxe o trivial do dia a dia: uma situação em que a patroa, bem afortunada, demite a sua funcionária e resolve ela mesma arrumar a sua casa. Porém, aí é que entra o intimismo.


G.H. é a patroa que está em um conflito consigo mesma. Ela não se enxerga mais como uma pessoa completamente realizada, afinal, a sua condição financeira, digamos assim, a afastou daquilo que ela fazia de melhor, que é arrumação. Sim, afinal, com uma boa condição, a gente paga os outros para fazer esse serviço, não é mesmo?


E é a partir daí que entra Clarice e sua narrativa. A história é toda contada através do fluxo de consciência da narradora, no caso a personagem principal G.H..Para deixar tudo mais inquietante, intrigante e diria até angustiante, o clímax acontece no quarto de empregada, recém desocupado e em um confronto entre a personagem e uma barata.


Sim! É na interação entre G.H. e a barata que o romance tem o ápice e já adianto, se você não tem estômago forte, vai ter um pouco de dificuldade na leitura, porque o que pode ser mais nojento em um contato com uma barata? 


Vou deixar um trecho do romance e vocês concluem: 
“Diante de meus olhos enojados e seduzidos, lentamente a forma da barata ia se modificando à medida que ela engrossava para fora. A matéria branca brotava lenta para cima de suas costas como uma carga.”. E isso não é o pior,o mais nojento acontece depois ainda.


Esses fatos colocados assim, de modo isolado e fora do contexto, podem parecer banais e estranhos, mas em cima disso que Clarice constrói uma narrativa densa, tentando fazer com que o leitor veja as situações não só pelo olhar do narrador/personagem, mas também tenha consciência do consciente de quem narra e vive a situação. É entender o significado de um simples gesto ou tomada de decisão.

Grande Sertão: Veredas (Guimarães Rosa)

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Essa, sem sombras de dúvidas, é a obra prima de Guimarães Rosa. Podemos dizer que trata-se de uma narrativa épica feita pelo jagunço Riobaldo.


O que poderia ser uma simples narrativa das memórias de Riobaldo, torna-se quase uma epopéia (excluindo-se o fato de não ser um poema), com um traço de linguagem sertaneja marcante - talvez a característica principal da obra.


Uma história de jagunços e coronelismo, mas que traz um debate quase que teológico sobre sentido da vida, Deus e ainda uma questão metafísica: o que é o sertão? Qual o tamanho do sertão? O sertão é um espaço geográfico ou é o interior do narrador, no caso, Riobaldo?


Paralelo - ou não - a tudo isso, ainda tem Diadorim e o amor proibido, o amor àquilo que nos causa repulsa, mas ainda nos atrai.


E, para deixar a história ainda mais complexa, o que é verdade, o que foi vivido ou não nessa história de Riobaldo? Por essas e outras, o 
Sertão não é apenas um lugar geográfico.


O que achou da lista? Como disse no começo do texto, quero saber quais obras você considera as mais importantes da nossa literatura! Comente aqui! Até o próximo post!

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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