Você já parou para pensar que alguns livros são sucessos de vendas antes mesmo de você nascer? Tem livros que nossos avós leram e que hoje ocupam espaço na nossa estante ou nas memórias dos nossos
Kindles.
Livros que atravessam gerações não são, necessariamente, os melhores livros ou os mais vendidos, até mesmo porque eu não teria a ousadia de falar que esses livros são os melhores de todos os tempos.
A lista que apresento, sem ser definitiva, traz alguns livros que por diversos motivos estão sempre sendo lidos.
Com certeza, você irá se identificar com alguma obra listada, provavelmente você tem uma edição que era dos seus pais ou irmãos mais velhos. O que importa é saber que esses livros venceram o tempo e a literatura continua permeando de gerações em gerações.
Um detalhe interessante é que nem sempre são livros infantis, o que poderia ser fácil de explicar, afinal os pais vão repassando conhecimentos e leituras as quais foram ‘submetidos’.
Então, chega de conversa e vamos ao que interessa:
5 livros que atravessam gerações.
Ok, eu acabei de dizer que os livros que passam de gerações para gerações nem sempre são infantis e já começo com um clássico da literatura infantil. Mas eu te pergunto:
O Pequeno Príncipe é uma leitura exclusiva para os pequenos?
A sua narrativa tem até um apelo às crianças, tem uma linguagem, personagens, cenários, tudo bem lúdico, digamos assim. As aventuras de um príncipe, que mora sozinho em seu planeta, poderia muito bem ser apenas um livro de aventura infanto juvenil.
Porém, há quem não se canse de tirar belas lições do livro
Saint-Exupéry e convenhamos, há muito mais lições que um adulto pode tirar da obra do que as crianças.
Talvez o maior mérito de
O Pequeno Príncipe seja dialogar com as crianças, mesmo aquelas que já se tornaram adultas, sobre nossos sentimentos, sensações, responsabilidades, essas coisas de personalidade que moldam o nosso caráter, de uma maneira não “infantilizada” (no sentido pejorativo), mas sim com a sinceridade que as crianças dialogam.
Fale bem ou fale mal da “literatura clássica” brasileira, questionem se
Machado de Assis deve ser ou não estudado nas escolas ou como devem ser feitos os estudos literários, mas não deixem de falar sobre
Dom Casmurro.
A obra de Machado de Assis tem como forte “transmissor” entre as gerações a grade curricular escolar brasileira. Mas é impossível estudar literatura nacional sem falar de Machado, Bentinho, Capitu e Escobar.
Dom Casmurro é um clássico brasileiro, gostem ou não, e o fato de estarmos debatendo a obra em 2021 já é uma justificativa plausível. Caso contrário, o livro já teria caído no esquecimento.
Como eu já disse em outros textos,
Dom Casmurro possui a maior polêmica da literatura, quiçá mundial: traiu ou não traiu? É tão clássico que eu nem preciso desenvolver mais a pergunta e já sabemos do que se trata.
Ao que tudo indica, muitas gerações ainda irão ler o triângulo amoroso (?) de Bentinho, Capitu e Escobar.
3.
Dom Quixote, de Miguel de Cervantes
A obra prima de Cervantes foi o primeiro romance escrito no mundo! Esse já é um fator que poderia despertar a curiosidade dos leitores, independentemente da geração.
Afinal, quem é esse tal Quixote que deu origem ao gênero literário mais consumido no mundo?
O mais legal é que
Dom Quixote não tem característica de uma obra temporal, obviamente a sua narrativa tem seu vocabulário, os diálogos são com expressões de época, mas a história permeia o imaginário da sociedade até hoje.
Dom Quixote
tornou-se um ícone da cultura pop, está presente no teatro, no cinema, na televisão, na música, tudo isso porque o cavaleiro andante soube transformar os problemas (e suas soluções) em fantasias. Seria uma manipulação da realidade ou uma indução à criatividade? Cervantes nos intriga, nos faz pensar em quão sério são nossos problemas, o quão cativante e estimulante pode ser a leitura (cultura).
O último romance de Clarice Lispector é considerado uma das mais importantes obras da literatura brasileira e é um dos livros mais queridos pelos leitores e fãs de Clarice.
Porém, é uma obra densa, podemos dizer assim, o que acaba me contradizendo e não sendo um “porém”, porque quem lê Clarice Lispector sabe bem da profundidade de suas reflexões.
Em
A Hora da Estrela não temos uma narradora, não é a voz de Clarice quem narra a trama, mas sim um alter ego masculino Rodrigo S.M, um escritor que conta a história de uma jovem nordestina órfã, Macabéa, que tenta ganhar a vida no Rio de Janeiro.
A obra intriga em vários aspectos, inclusive na escolha de Clarice em criar o narrador Rodrigo, uma voz masculina que durante todo livro faz uma análise da vida de Macabéa, inclusive julgamentos pessoais. Quem conhece Clarice sabe o quanto ela brigou para dar voz às mulheres, então esse alter ego masculino instiga muitas reflexões.
Há pelo menos 3 pilares, digamos assim, que vale muito a pena discutir: o quanto Rodrigo representa Clarice e o porquê de sua criação; a história contada de Macabéa por Rodrigo e o próprio ato de escrever um livro.
A
Hora da Estrela é uma obra que transcende análises literárias e nos entrega muito de Clarice Lispector em sua última obra.
Uma obra que é sinônimo de imaginação e fantasia, podemos dizer que
Alice no País das Maravilhas (como é mais popularmente chamado)
é um livro onírico. Seja os sonhos da própria Alice ou os sonhos aos quais somos levados até hoje ao depararmos com o seu universo.
O livro por si só já tem um forte apelo imaginativo e criativo, soma-se a isso a clássica adaptação da Disney e você tem um dos maiores sucessos literários, culturais infanto juvenil. A obra cativa adultos e crianças, não para menos continua a ganhar adaptações para teatro e cinema e, até mesmo, histórias derivadas desse mágico universo de Carroll.
Carroll praticamente criou a literatura nonsense ou, pelo menos, foi responsável pela popularização do estilo literário que desconstruiu os contos de fadas. A história “sem pé e nem cabeça” de uma menina que cai numa toca de coelho e conhece seres e objetos mágicos é praticamente um cânone da fantasia.
Alice tem uma atmosfera toda criada para encantar as crianças, mas também tem seus questionamentos “mais sérios” nas entrelinhas, obviamente uma leitura infantil, pode passar batido ou não, pode plantar aquela sementinha que um dia irá florescer e fazer sentido.
Fato é que Lewis Carroll criou uma obra que ainda vai percorrer muitas e muitas gerações, enquanto houver um olhar infantil para a literatura, Alice vai estar presente.
Agora, é claro que muitos livros estarão (ou já estão?) no hall daqueles que ultrapassaram gerações:
Harry Potter,
O Senhor dos Anéis,
Jogos Vorazes. Alguns autores já são favoritos de gerações de leitores, como por exemplo:
Paulo Coelho,
Stephen King, Shakespeare,
Saramago, Gael García Márquez, Luis Fernando Veríssimo e tantos outros.
Como eu disse na introdução do texto, longe de mim querer fazer dessa lista algo definitivo. Com certeza, você deve ter alguns títulos em mente, que não foram citados, ainda. Então, fique à vontade para fazermos dessa lista algo colaborativo, me diga quais livros você já leu e que veio de seus pais ou parentes mais velhos.
Além de ler, você gosta de escrever?
Agora, antes de você sair, eu tenho mais uma dica muito importante!
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