Akira pode ser considerado um divisor de águas quando se fala em cyberpunk e mundos distópicos. Foi publicado pela primeira vez em 1982, possui 6 grandes volumes e encanta até hoje os fãs de mangás e animes japoneses.
Mas como Akira pode influenciar positivamente na escrita dos autores de distopia e cyberpunk?
No texto de hoje, detalharei o que é, pontos relevantes da narrativa, elementos marcantes e demais detalhes que fazem de Akira um clássico.
Se você ficou curioso para saber mais sobre o universo do protagonista Shotaro Kaneda, me siga nas próximas linhas e boa leitura!
Sobre o autor: Katsuhiro Otomo
Antes de falarmos de Akira em si, importante sabermos que é o “pai” dessa história.
Katsuhiro Otomo nasceu em Miyagi, Japão, em 14 de abril de 1954 e ainda está vivo. Além de Akira (1982-1990),
escreveu outros mangás e também é diretor de anime. E, como é de se imaginar, a animação de Akira, 1988, foi criação dele também. Logo, pode-se dizer que a animação é bem fiel ao mangá.
Por crescer em um Japão pós-Segunda Guerra Mundial,
Otomo vivenciou o estado caótico que o seu país vivia, e todo esse ambiente de guerra serviu como inspiração para seu trabalho mais conhecido. O seu último trabalho relevante data de 2006, o filme de fantasia “Mushishi”, baseado no mangá de mesmo nome, de Yuki Urushibara.
Em 2005 ele foi condecorado como cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras da França. Anos mais tarde, em 2012, se tornou o quarto mangaká introduzido no
Eisner Award Hall of Fame. Também foi premiado com a Medalha de Honra do governo japonês em 2013.
Otomo mais tarde recebeu o prêmio
Winsor McCay no 41.º
Annie Awards em 2014. Em, 29 de janeiro de 2015, Otomo foi nomeado vencedor do
Grand Prix do Festival de Quadrinhos de Angoulême na França, tornando-se o primeiro mangaká a vencer a premiação.
Do que se trata Akira?
Akira se passa na cidade fictícia de Neo Tóquio, uma cidade que ganhou este nome após Tóquio ser destruída na III Guerra Mundial, iniciada pelo crescimento incontrolável de poderes sobrenaturais de uma criança chamada Akira.
A história se passa 30 anos após esta guerra, em 2018. Uma gangue de motoqueiros punk, que tem Kaneda como líder, é envolvida em uma rixa com uma gangue rival, quando o membro caçula da gangue e melhor amigo de Kaneda, Tetsuo,
atropela uma criança misteriosa que havia escapado do programa de investigação psíquica secreta do governo.
Tanto a criança quanto Tetsuo são raptados por membros do governo, que começam diversos testes nos dois. Então, Tetsuo tem despertado poderes latentes, que mudam radicalmente seu comportamento interpessoal, gerando sérios problemas psicológicos.
Formatos publicados
Akira foi publicado em 6 grandes volumes, entre os anos de 1982 e 1990, no Japão.
Aqui no Brasil, coube à JBC importar o mangá. O trabalho realizado pela editora brasileira foi tão primoroso que foi premiado no 30º Troféu HQ Mix na categoria Publicação de Clássico.
Por que Akira é importante para escritores de distopia e cyberpunk?
Distopia e cyberpunk são duas categorias para narrativas de livros com características bem específicas que possuem um público de leitores bem nichado. Como Akira aborda bastante estas características, listei aqui as principais. Veja quais são:
Tecnologia em meio ao caos
A palavra
cyberpunk é a junção de cyber (cibernética) + punk, movimento cultural underground da década de 80. Na literatura cyberpunk temos um universo com alta tecnologia,
visível em vários momentos em Akira como nas icônicas motos, mas em um universo caótico, distópico, com conflitos sociais graves. Cidades hiper populosas, com pobreza extrema, e dominadas por grandes corporações também são recorrentes neste sub-gênero literário. E Neo Tóquio é exatamente assim.
Em Akira, o protagonista, Kaneda, faz parte de uma gangue de motos, provocando arruaças por toda a cidade e se veste extravagantemente. Aliado a isso, temos uma
cidade futurista, moderna e tecnológica, mas destruída.
Governos opressores
Uma forte caraterística de uma distopia são governos opressores e ditadores, colocando a população, ou parte dela, em situação de extrema pobreza e condições sociais adversas.
Em Akira as questões sociais não são abordadas como plano principal, mas é possível ter um olhar crítico sobre a alienação da juventude, a ineficiência e corrupção do governo, um sistema militarizado, desagradado com os compromissos da sociedade moderna.
Conflito entre humanos e máquinas
Em uma distopia cyberpunk, há um contraste claro entre a alta tecnologia e cidades destruídas e sucateadas. A disparidade econômica entre grupos de pessoas é bem acentuada, levando a diversos conflitos sociais. Além de todo esse caos, o cyberpunk tem aquele questionamento sobre os limites dos direitos e poderes das máquinas.
O conflito de Akira não é exatamente na relação entre androides e humanos, mas sim em torno da ideia básica de indivíduos com poderes sobre-humanos, particularmente com capacidades psicocinéticas.
Considerações
Akira é um bom exemplo para escritores que querem construir histórias futuristas, distopias, com elementos de cyberpunk e sobrenatural. Katsuhiro Otomo nos entrega uma história incrível, profunda e original, sendo um prato cheio para nós escritores.
O que achou do texto de hoje? Já conhecia Akira? Me conte aqui nos comentários e até o próximo texto.