Juliano Loureiro • 20 de outubro de 2020

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Se você é um assíduo leitor de romances, certamente já percebeu que ele pode ser escrito em primeira pessoa, geralmente na voz do personagem principal, ou em terceira pessoa, na voz de um narrador. Mas o porquê existem essas diferenças? Há melhor ou pior? Quando usar um ou outro?


Neste post, o meu objetivo será auxiliar você na construção do seu romance, apresentando quais são as opções de pontos de vista e  elencar as suas vantagens e desvantagens. A decisão de qual usar é unicamente sua, a depender de quais são seus objetivos com o desenvolvimento da narrativa do seu livro.


Ficou interessado? Então, boa leitura!

O que é ponto de vista?

Na literatura, o ponto de vista é a perspectiva na qual a história é contada e está diretamente relacionado com o ponto de vista do narrador escolhido. Se estivermos trabalhando com narrador em terceira pessoa, podemos ter um único ponto de vista ou vários. Contudo, se a escolha for por um  narrador em primeira pessoa, o ponto de vista será o desse narrador. 


Na prática, não há somente esses dois exemplos citados acima. Existem algumas particularidades, que fazem com que os pontos de vista sejam distintos ao ponto de "moldar" a narrativa do livro. 

Quais são os pontos de vista?

Os ponto de vista são: primeira pessoa, terceira pessoa limitada e múltipla, onisciente e segunda pessoa. Abaixo, explico qual a principal característica e as vantagens e desvantagens.

Primeira pessoa

O ponto de vista em primeira pessoa é aquele narrado por um personagem da trama, geralmente o protagonista. Tem como principal característica criar uma rápida e intimista conexão com o leitor. A comunicação é imediatista, possui grande ganho de memória e opinião, afinal, é o personagem falando de si mesmo.


Mas há algumas desvantagens de usar o ponto de vista narrado por um único personagem.  A limitação de cenário é uma delas. Só se sabe o que se passa através dos olhos do narrador, logo, só enxergamos aquilo que ele conta. Tramas paralelas, histórias de outros personagens, por exemplos, não são contemplados.


Este ponto de vista é visto em diversos romances, mas se encaixa muito bem em novelas, onde há, geralmente, menos personagens e menos conflitos que um romance. Logo, essa limitação do ponto de vista contado pelo personagem não se torna evidente.

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Terceira pessoa limitada

Ao contar uma história em terceira pessoa limitada, o narrador está distante dos fatos e entra na cabeça de um só personagem. Apesar dessa limitação, há uma liberdade narrativa e descritiva e possui maior possibilidades de gerir informações.


E, ao contrário do ponto de vista em primeira pessoa, aqui há uma distância maior entre o leitor e o personagem, menos distinção na linguagem e menos mobilidade em mesclar memória, opinião e impressão.

Terceira pessoa múltipla

O ponto de vista em terceira pessoa múltipla, segue os mesmo passos da terceira pessoa limitada, com a pequena diferença que aqui o narrador distante dos fatos que entra na cabeça de vários personagens. As vantagens e desvantagens se repetem da terceira pessoa limitada.

Onisciente

O narrador onisciente vê tudo e sabe de tudo, entra na mente de qualquer personagem que o autor quiser. Tem uma personalidade própria, que é a do próprio narrador. Aqui, podemos perceber fortes características de escrita do escritor.

Outros pontos de vista

Há também outros pontos de vista, menos utilizados, que são: 2ª pessoa e epistolar.

Como usar e qual ponto de vista escolher?

Antes da escolha do ponto de vista do seu livro, importante alertar quanto ao seu uso ao longo da narrativa. É bastante comum escritores iniciantes misturarem dois ou mais pontos de vista de forma deliberada. É possível sim usar mais de um ponto de vista, porém, não no mesmo capítulo ou na mesma frase.


Exemplo: "Quando cheguei em casa do trabalho dei um beijo em minha esposa. Enquanto tomava banho, minha esposa ligou para a sua mãe". 


Na sentença acima, há a mudança do ponto de vista da primeira pessoa (voz do sujeito) para primeira pessoa (narrador onisciente). Na primeira frase, o sujeito narra a sua chegada em casa e o beijo na esposa. Porém, na segunda frase, o sujeito está no banho, ou seja, distante da cena  e "alguém",  o narrador onisciente, informa que o sujeito está no banho.


Esta mistura não é bem vista para a fluidez da narrativa, além de confundir o leitor na construção dos fatos.


Para a definição de qual ponto de vista escolher para o livro, deve-se fazer duas ponderações: qual você se sente mais confortável para escrever e se a história será narrada por um ou vários personagens.


Por fim, sugiro testar. Comece a escrever a sua história em primeira pessoa. Depois, reescreva utilizando o ponto de vista do narrador onisciente. Faça testes. Analise o resultado. Certamente, você aprenderá qual a melhor forma de contar suas histórias.


O que achou do texto de hoje? Confesso que definir o ponto de vista de uma narrativa é algo desafiado e difícil, mas essencial para um livro bem escrito. Vejo você em breve!

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


Para aprender mais sobre escrita criativa, confira meu canal no Youtube, vídeos diários para você. CLIQUE AQUI e confira.

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