Juliano Loureiro • 18 de junho de 2020

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Eu juro que pensei em uma forma de começar este conteúdo sem repetir o que sempre falo por aqui, que o Brasil é um celeiro de grandes escritores,que possuímos uma vasta biblioteca de clássicos literários e qualquer outra expressão para engrandecer nossas obras.


O fato é que esses grandes autores brasileiros acabam me deixando sem palavras para referenciá-los, por isso presto essa homenagem em forma de uma série de posts. Se você chegou, agora, ao meu blog, confira o que você já perdeu (mas depois, é só ler os posts!):


Na primeira parte sobre os maiores autores brasileiros, falei sobre:

 

 

Já na segunda parte , falei sobre os grandes escritores:

 

 

Pouquíssimos autores, porém conteúdos riquíssimos abordados. Vale a leitura. Mas não agora. Pode começar a leitura pela terceira parte, sem problema algum.


Vamos lá? Uma boa leitura para você!

Graciliano Ramos

Graciliano Ramos nasceu em Quebrângulo, Alagoas, no ano de 1892. Antes de entrarmos no campo literário, podemos falar sobre o Graciliano político.

Em 1928, ele foi eleito prefeito na cidade de Palmeira dos Índios. Mas não chegou ao final do seu mandato, em 1930 ele renunciou ao cargo. Perseguido pela ditadura do governo de Getúlio Vargas, chegou a ser preso em 36 sob a acusação de militância comunista. 

Foi solto, em menos de um ano, por falta de provas. Mas em 1945, filiou-se ao Partido Comunista. Graciliano também ocupou o cargo de diretor da Imprensa Oficial e da Instrução Pública do Estado de Alagoas.

Agora, vamos falar do lado de Graciliano Ramos que realmente nos importa, o que levou a ser reconhecido como um dos maiores autores brasileiro. Aliás, para introduzir o escritor, vale citar que ele é tido como o melhor ficcionista do movimento modernista brasileiro. Além de ser o nome mais importante da prosa, na segunda metade do Modernismo.

A sua obra mais famosa é “Vidas Secas”, de 1938, que, inclusive, lhe rendeu o Prêmio da Fundação William Faulkner, dos Estados Unidos. Há ainda, críticos literários que apontam Angústia como a melhor obra de Graciliano. Essa última foi escrita no período em que Graciliano esteve preso, em 1936.

A literatura graciliana nos leva a uma reflexão sobre os problemas sociais de sua época. Graciliano mostrava a dura realidade das famílias nordestinas, suas lutas pela sobrevivência e o comportamento humano diante essa árdua realidade.

Vidas Secas

Não é difícil imaginar do que se trata a principal obra de Graciliano Ramos. Com um título óbvio, é o retrato fiel da vida da família retirante nordestina, que busca no sertão sobreviver, na mais pura mazela social. 

No centro da trama está Fabiano e sua família (e, talvez, um dos animais mais famosos da literatura brasileira, a cadela Baleia) que se submetem às condições quase que de escravidão para conseguirem sobreviver. Não bastante, ainda lidam com a prisão de Fabiano, a fome que leva a sacrificar animais de estimação e uma fuga às cegas rumo ao Sul do país.

Parece uma história simplista, mas Graciliano nos leva bem mais afundo, nos traz o psicológico dos personagens. Tentar entender o comportamento do homem, em um cenário desesperançoso e ainda tendo que sustentar uma família faz com que a obra tenha uma alta carga emocional. Porque, afinal, o problema é bem maior do que simplesmente mudar-se de uma região para outra.

Graciliano teve suas obras traduzidas para diversas línguas e as obras Vidas Secas, São Bernardo e Memórias do Cárcere ganharam adaptação cinematográfica.

Obras de Graciliano Ramos

  • Caetés (1933);
  • São Bernardo (1934);
  • Angústia (1936);
  • Vidas Secas (1938);
  • A Terra dos Meninos Pelados (1942);
  • História de Alexandre (1944);
  • Dois Dedos (1945);
  • Infância (1945);
  • Histórias Incompletas (1946);
  • Insônia (1947);
  • Memórias do Cárcere (1953);
  • Viagem (1954);
  • Linhas Tortas (1962);
  • Viventes das Alagoas, costumes do Nordeste (1962).

Manuel Bandeira

“Vou-me embora pra Pasárgada / Lá sou amigo do rei...”

Assim começa um dos mais famosos poemas do Modernismo brasileiro, de autoria deste grande escritor que é Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho, ou simplesmente, Manuel Bandeira. Nascido em Recife, no dia 19 de abril de 1886, o poeta também foi professor de literatura, crítico literário e crítico de arte.

Mas o que levou Bandeira a ocupar a cadeira 24 da Academia Brasileira de Letras foram suas obras embasadas no amor pela vida, na morte, no erotismo, na crítica quase sempre reforçada pela sátira e, por vezes, a infância era tema de suas obras.

Manuel Bandeira foi um dos principais nomes e precursores do movimento modernista brasileiro. Na abertura da Semana de Arte Moderna, em 1922, Bandeira enviou para a leitura, o seu poema Os Sapos, uma sátira mais que direta ao parnasianismo; estilo de poema que vigorava em alta até então. O poema causou um verdadeiro rebuliço na plateia, o suficiente para deixar a marca de Manuel Bandeira na literatura brasileira.

Mas foi em 1930 que o autor atingiu, digamos assim, a sua maturidade modernista e publicou a obra "Libertinagem". É neste livro que consta suas principais publicações: O Cacto, Pneumotórax, Evocação ao Recife e Vou-me Embora pra Pasárgada.

Obras de Manuel Bandeira

  • A Cinza das Horas, poesia (1917);
  • Carnaval, poesia (1919);
  • O Ritmo Dissoluto, poesia (1924);
  • Libertinagem, poesias reunidas (1930);
  • Estrela da Manhã, poesia (1936);
  • Crônicas da Província do Brasil, prosa (1937);
  • Guia de Ouro Preto, prosa (1938);
  • Noções de História das Literaturas, prosa (1940);
  • Lira dos Cinquenta Anos, poesia (1940);
  • Belo, Belo, poesia (1948);
  • Mafuá do Malungo, poesia (1948);
  • Literatura Hispano-Americana, prosa(1949);
  • Gonçalves Dias, prosa (1952);
  • Opus 10, poesia (1952);
  • Itinerário de Pasárgada, prosa (1954);
  • De Poetas e de Poesias, prosa (1954);
  • Flauta de Papel, prosa (1957);
  • Estrela da Tarde, poesia (1963);
  • Andorinha, Andorinha, prosa (1966);
  • Estrela da Vida Inteira, poesias reunidas (1966);
  • Colóquio Unilateralmente Sentimental, prosa (1968).

Luis Fernando Veríssimo

Para não falarem que eu só falo daqueles que já partiram ou acharem que a literatura brasileira já não tem grandes autores, vamos falar agora de um dos maiores escritores brasileiros contemporâneos.

Luis Fernando Veríssimo possui, só para início de conversa, dois Prêmios Jabuti, o mais tradicional prêmio literário do país. Nascido no Rio Grande do Sul, em 26 de setembro de 1936, ele, além de escritor, é jornalista, tradutor, roteirista de programas para televisão e músico.

A marca registrada de Veríssimo - o filho, já que é importantíssimo que você saiba que Luis Fernando é filho de Érico Veríssimo - é o humor em suas crônicas e contos. Mas antes de abordarmos seus livros, é importante frisar a sua carreira jornalística.

Luis Fernando teve passagens pela Editora Globo, jornal Zero Hora (no qual tinha sua própria coluna diária), jornal Folha da Manhã (onde escrevia sobre esporte, música, cinema, literatura e política), Jornal do Brasil e Revista Veja. Em todas suas colunas e artigos publicados, o humor e a sátira eram marcas e essas publicações (uma boa parte delas) viriam a se tornar parte de seus livros.

O seu primeiro livro foi publicado em 1973. O Popular é um livro com uma coletânea de seus textos já publicados em jornais pelos quais Veríssimo havia trabalhado. Já em 75, publica sua segunda obra: "A Grande Mulher Nua".

Dando um salto até 1979, temos a publicação de Ed Mort e Outras Histórias. O livro de crônicas popularizou o seu personagem Ed, um detetive particular carioca que vivia sempre sem dinheiro, mas tinha um coração mole e a língua afiada.

Outros dois grandes sucessos de Luis Fernando Veríssimo foram: "O Analista de Bagé"; lançado durante a Feira do Livro de Porto Alegre, em 1981, esgotou-se em apenas dois dias. "A Comédia da Vida Privada", de 1994, apontada por muitos como sua grande obra, teve grande sucesso graças, também, à adaptação para uma minissérie exibida pela TV Globo.

Além dos prêmios Jabuti citados no início do tópico, Luis Fernando Veríssimo também ganhou outros prêmios:

  • Em 1997: foi primeiro humorista a conquistar o prêmio Juca Pato, escolhido por unanimidade como o Intelectual do ano pela União Brasileira de Escritores (UBE);
  • Em 2003: a New York Public Library elegeu seu livro "Clube dos Anjos” como um dos 25 melhores livros do ano.
  • Em 2004: recebeu o Prix Deus Oceans do Festival de Culturas Latinas de Biarritz, na França.

Hoje, Luis Fernando Veríssimo é colunista no jornal Estado de São Paulo, Zero Hora e O Globo.

Algumas obras de Luis Fernando Veríssimo

  • O Popular, 1973;
  • A Grande Mulher Nua, 1975;
  • Amor Brasileiro, 1977;
  • O Rei do Rock, 1978;
  • Ed Mort e Outras Histórias, 1979;
  • Sexo na Cabeça, 1980;
  • O Analista do Bagé, 1981;
  • A Mesa Voadora, 1982;
  • Outras do Analista de Bagé, 1982;
  • O Gigolô da Palavras, 1982;
  • A Velhinha de Taubaté, 1983;
  • A Mulher do Silva, 1984;
  • A Mãe de Freud, 1985;
  • O Marido do Doutor Pompeu, 1987;
  • Zoeira, 1987;
  • O Jardim do Diabo, 1987;
  • Noites do Bogart, 1988;
  • Orgias, 1989;
  • Pai Não Entende Nada, 1990;
  • Peças Íntimas, 1990;
  • O Santinho, 1991;
  • Humor Nos Tempos de Collor, 1992;
  • O Suicida e o Computador, 1992;
  • Comédias da Vida Privada, 1994;
  • Comédias da Vida Pública, 1995;
  • Novas Comédias da Vida Privada, 1997;
  • A Versão dos Afogados, 1997;
  • Gula - O Clube dos Anjos, 1998;
  • Aquele Estranho Dia Que Nunca Chega, 1999;
  • Histórias Brasileiras de Verão, 1999;
  • As Noivas do Grajaú, 1999;
  • Todas as Comédias, 1999;
  • Festa de Criança, 2000;
  • Comédias Para Se Ler Na Escola, 2000;
  • As Mentiras que os Homens Contam, 2000;
  • Todas as Histórias do Analista de Bagé, 2002;
  • Banquete Com os Deuses, 2002;
  • O Opositor, 2004;
  • A marcha, 2004;
  • A Décima Segunda Noite, 2006;
  • Mais Comédias Para Se Ler Na Escola, 2008;
  • Os Espiões, 2009;
  • Time dos sonhos, 2010;
  • Amor Veríssimo, 2013;
  • As mentiras que as mulheres contam, 2015.

Ana Maria Machado

Quem disse que criança não tem importância para a literatura? Para encerrar a nossa terceira parte da homenagem aos grandes escritores brasileiros, vou falar de uma das principais referências em literatura infantil do país, Ana Maria Machado. 

Para você ter uma ideia do tamanho da importância dela, a primeira informação que vou trazer é que Ana Maria foi a primeira autora de livros infantis a fazer parte da Academia Brasileira de Letras. E não é só isso: ela foi presidente da Academia durante os anos de 2012/2013.

Já que estamos falando dos seus feitos, Ana Maria foi responsável pela fundação da primeira livraria infantil, no Brasil, no ano de 1979. Suas obras já foram traduzidas para diversas línguas e ela já recebeu prêmios como: 
  • Prêmio João de Barro: contempla obras nas categorias texto literário e livro ilustrado, com projeto gráfico completo, voltadas para jovens e crianças;
  •  três Prêmio Jabutis;
  •  Prêmio Machado de Assis: oferecido pela Academia Brasileira de Letras, o prêmio condecora os grandes autores brasileiros pelo conjunto de suas obras
  • Hans Christian Andersen: é o maior reconhecimento internacional dado a um autor e a um ilustrador de livros para crianças e jovens.
Poderia muito bem terminar por aqui, que você já entenderia a relevância de Ana Maria Machado, não é mesmo? E só de imaginar que o contato dela com a literatura infantil começou com pequenas histórias para a revista infantil Recreio, enquanto exercia ainda as profissões de jornalista e professora, a gente fica ainda mais encantado com sua história.

O seu primeiro livro; "Bento que Bento é o Frade", foi lançado em 1977, mesmo ano em que ganhou o Prêmio João de Barro, mas com outra obra: "História Meio ao Contrário". De lá pra cá, já são mais de cem livros publicados, mais de 20 milhões de exemplares vendidos, publicados em vinte idiomas. Já imaginou: vinte línguas diferentes...é muita coisa.

Obras de Ana Maria Machado

 

  • Bento que Bento é o Frade (1977);
  • História Meio ao Contrário (1977);
  • Camilão, o Comilão (1977);
  • Raul da Ferrugem Azul (1979);
  • Bem do Seu Tamanho (1980);
  • Bisa Bia, Bisa Bel (1981);
  • Alice e Ulisses (romance, 1983);
  • A Jararaca, a Perereca e a Tiririca (1984);
  • Menina Bonita do Laço de Fita (1986);
  • Palavras, Palavrinhas e Palavrões (1986);
  • Cadê a Mala (1988);
  • Mico Maneco (1988);
  • Tropical Sol e Liberdade (romance, 1988);
  • Doroteia a Centopeia (1994);
  • O Mar Nunca Transborda (1995);
  • De Fora da Arca (1996);
  • O Domador de Monstros (1996);
  • Isso Ninguém Me Tira (1999);
  • A Audácia Dessa Mulher (romance, 1999);
  • Um Gato no Telhado (1999);
  • De Carta em Carta (2002);
  • Abrindo Caminho (2003);
  • Amigos Secretos (2004);
  • Cadê Meu Travesseiro (2004);
  • Procura-se Lobo (2005);
  • A Princesa Que Escolhia (2006);
  • Uma História de Páscoa (2010).

 

Nesse texto, eu te apresentei quatro grandes escritores brasileiros que, se você curte literatura, não pode deixar de conhecer e lê-los. São escritores bem diferentes, temos uma leitura mais densa com Graciliano Ramos, temos a provocação poética de Bandeira, a sátira cotidiana com Luis Fernando Veríssimo e a leveza e a pureza infantil de Ana Maria Machado.


Essa mistura de gêneros e estilos é que faz com que nossa literatura seja tão rica e para todo mundo. E é legal perceber que nem todos autores tiveram o mesmo início, nem sempre foi fácil chegar onde chegaram.

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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