A palavra bingo está escrita em azul e verde em um fundo branco.
Uma letra b azul ao lado de um ponto de exclamação verde

Juliano Loureiro • 1 de abril de 2024

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No coração de toda grande narrativa, reside uma camada oculta, um reino sutil de significado e emoção que transcende as palavras na página ou os diálogos na tela. Esse reino é o subtexto, o iceberg subaquático da comunicação humana e da expressão artística.


Ao invés de confiar na exposição direta, o subtexto joga com o implícito, convidando o público a ler nas entrelinhas, a perceber o não dito, a sentir o peso das palavras não pronunciadas. O domínio do subtexto é o que diferencia as narrativas memoráveis das esquecíveis, por adicionar profundidade, complexidade e realismo à história e aos seus personagens.


Exploraremos no texto de hoje o conceito e detalhes sobre como se aproveitar do subtexto nas suas obras. Embarque comigo e boa leitura!

Entendendo o subtexto

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O subtexto é o significado oculto que se esconde por trás do texto explícito. É a discrepância entre o que é dito e o que é verdadeiramente sentido, pensado, ou intencionado pelos personagens. Esse fenômeno não se limita à literatura; ele permeia todas as formas de comunicação humana, desde conversas cotidianas até apresentações artísticas.


No subtexto, a verdadeira comunicação acontece no silêncio entre as palavras, nas pausas, nos olhares e nos gestos.

A complexidade do subtexto

O subtexto pode ser deliberadamente criado pelo autor ou surgir naturalmente da interação entre os personagens e suas circunstâncias. Ele serve a vários propósitos:


  • revelar as verdadeiras intenções de um personagem;
  • criar ironia;
  • desenvolver tensão, ou
  • sugerir temas e ideias sem explicitá-los.


O subtexto é, portanto, uma ferramenta poderosa para adicionar camadas de significado à narrativa, tornando-a mais rica e envolvente.

Exemplos de subtexto

Veja, agora, alguns exemplos de uso de um subtexto:

Diálogos carregados de significados

Em uma conversa aparentemente trivial sobre o clima, dois personagens podem estar, na verdade, navegando um campo minado de acusações não ditas e defesas implícitas sobre um caso de traição. Aqui, cada menção ao "frio inesperado de outubro" pode carregar o peso de um coração partido ou de um relacionamento gelado.

Ações que falam mais alto

Considere um personagem que, após uma briga intensa, silenciosamente recolhe e guarda um objeto quebrado, um presente do outro personagem. Este ato simples, desprovido de diálogo, pode revelar um desejo de reconciliação, um lembrete da dor, ou a esperança de preservar algo belo de um relacionamento agora danificado.

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Contexto e ambientação como espelho e alma

Um jantar de família pode ser ambientado em uma casa ancestral, onde cada retrato, móvel ou objeto carrega a história de gerações. O ambiente, apesar de fisicamente imutável, pode refletir as mudanças nas relações familiares, os conflitos não resolvidos, e as aspirações ocultas dos personagens. Como eles interagem com esse espaço pode oferecer insights profundos sobre seus estados emocionais e histórias pessoais.

Como escrever um subtexto?

Dominar o subtexto é uma habilidade essencial para qualquer escritor que deseja criar obras ricas e multidimensionais. Aqui estão algumas estratégias para incorporar subtexto eficazmente em sua escrita:

Conheça profundamente seus personagens

O subtexto começa com um entendimento profundo dos personagens. Conheça não apenas seus desejos e medos superficiais, mas também suas motivações ocultas, suas inseguranças, e o que eles evitam confrontar até em seus próprios pensamentos. Isso criará uma base sólida para diálogos e ações que, embora possam parecer triviais na superfície, são carregados de significado.

Escreva o que não é dito

Aprenda a comunicar através do silêncio. Deixe espaços em sua narrativa para o leitor preencher. Isto pode ser feito por meio de pausas significativas em diálogos, reações que contrastam com o dito, ou até mesmo através de descrições que sugerem um estado emocional ou psicológico sem nomeá-lo diretamente.

Utilize a linguagem corporal

Os personagens não comunicam apenas por meio de palavras; seus corpos falam. Uma mão trêmula, um olhar evitado, ou mesmo a maneira como um personagem ocupa espaço podem revelar muito sobre seus sentimentos e pensamentos internos. Use esses detalhes para adicionar camadas de subtexto à sua história.

Jogue com o ambiente

O ambiente pode servir como um reflexo do estado interno dos personagens ou da dinâmica entre eles. Uma tempestade que irrompe durante uma cena de confronto, por exemplo, pode espelhar a tensão interna e conflitos não resolvidos. O ambiente pode também atuar como um contraponto irônico ao estado emocional dos personagens, adicionando uma camada de subtexto.

Conflitos e contradições

Introduza conflitos e contradições não apenas nas situações, mas nos próprios personagens. Estes conflitos internos são férteis terrenos para o subtexto, pois frequentemente o que um personagem diz não corresponde ao que realmente sente ou pensa, criando uma rica camada de significado para o leitor desvendar.

Conclusão: a beleza do implícito

O subtexto é a alma de uma narrativa profunda e envolvente. Ele convida os leitores a participar ativamente da história, a buscar significados ocultos e a interpretar as complexidades das relações humanas. Ao dominar a arte do subtexto, os escritores não apenas enriquecem suas histórias, mas também oferecem uma experiência de leitura mais rica e satisfatória.


O subtexto nos lembra que, na vida como na arte, o que é mais significativo muitas vezes reside no que não é dito, nas sombras entre as palavras, nos espaços vazios da página. Ao aprender a navegar e a criar essas sombras, os escritores podem alcançar uma verdadeira profundidade em suas obras, tocando os leitores de maneiras sutis, porém poderosas.


O que achou do texto de hoje? Aprendeu o que é e como usar o subtexto? Comente aqui e até breve!

Um homem com tatuagens senta-se à mesa com lucas remando livros

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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