Ele é um dos maiores nomes do Modernismo brasileiro e
um dos mais importantes da literatura nacional. O escritor que “escrevia brasileiro” é pai de Macunaíma, o herói brasileiro sem nenhum caráter. Se você ainda não associou essas credenciais a Mário de Andrade, este post foi feito para você conhecer a sua história.
Mário de Andrade e o seu “Grupo dos Cincos” romperam com os conceitos artísticos e literários do Brasil, nos anos 20 e implementaram não uma nova cultura, mas
A cultura brasileira.
Contar a história de Mário de Andrade e seus livros é falar da cultura nacional e do brasileiro. Então, é quase que obrigação saber nem que seja um pouquinho sobre a vida desse grande escritor.
Então, chega de conversa. Boa leitura!
Biografia de Mário de Andrade
O seu nome de batismo é Mário Raul de Morais Andrade, ele nasceu no dia 9 de outubro de 1893, na cidade de São Paulo. Filho de Carlos Augusto de Andrade e de Maria Luísa, tinha dois irmãos e uma família bem humilde.
Desde a infância, Mário de Andrade demonstrou interesse pela arte e não falo somente sobre a escrita. Olha só: aos dez anos, ele teria escrito o seu primeiro poema e, em 1911, ele ingressou no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.
Em virtude desse enorme apreço pelas artes, principalmente a música, o canto e o piano, tornou-se professor de História da Música e da Estética no Conservatório Dramático e Musical da cidade de São Paulo, em 1922, além de dar aulas particulares. E mais adiante, nos anos de 1935 a 1938, assumiu o cargo de diretor do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo.
Em 1917, aos 24 anos, Mário de Andrade conclui o curso de piano no Conservatório e, na literatura, ele publica o seu primeiro livro;
Há uma Gota de Sangue em cada Poema; porém sob o pseudônimo de Mário Sobral. Mas 1917 não foi só alegrias, o Doutor Carlos Augusto de Andrade, pai de Mário, faleceu neste mesmo ano.
Mas, cinco anos depois, a sua vida se transformaria de vez.
1922: a Semana da Arte Moderna e Paulicéia Desvairada
Se você achou 1917 um ano bem movimentado na vida de Mário de Andrade, saiba que ele nem fez cócegas no que foi 1922. É impressionante como Mário conseguiu uma vida movimentada tanto na literatura como na música.
Antes de entrarmos na Semana de Arte Moderna, que é um dos mais famosos movimentos literários, vamos dar uma pincelada na vida de Mário de Andrade fora dos livros. Em 22, o autor foi nomeado Professor Catedrático de História da Música, no “Conservatório Dramático e Musical de São Paulo”.
E já de olho no Movimento Modernista que começava a se articular, juntou-se ao grupo fundador da revista Klaxon, que servia de divulgação para o Movimento. E já que estamos adentrando ao Modernismo, em 22, também, Mário de Andrade publica o que seria o primeiro livro de poemas do Modernismo:
Paulicéia Desvairada.
Em
Paulicéia,
Mário ousou ao fazer uso dos versos livres e outras experiências linguísticas, incluindo imagens e alternância com o coloquial. Que tal uma amostra da obra de Mário? Confira
Os Cortejos, presente na obra:
Monotonias das minhas retinas...
Serpentinas de entes frementes a se desenrolar...
Todos os sempres das minhas visões! "Bon giorno, caro".
Horríveis as cidades!
Vaidades e mais vaidades...
Nada de asas! Nada de poesia! Nada de alegria!
Oh! os tumultuários das ausências!
Paulicéia — a grande boca de mil dentes;
e os jorros dentre a língua trissulca
de pus e de mais pus de distinção...
Giram homens fracos, baixos, magros...
Serpentinas de entes frementes a se desenrolar...
Estes homens de São Paulo,
todos iguais e desiguais,
quando vivem dentro dos meus olhos tão ricos,
parecem-me uns macacos, uns macacos.
Agora, o grande marco realmente de 1922 foi a comemoração dos 100 anos da Independência Brasileira. Para isso, artistas de várias áreas reuniram-se no Theatro Municipal de São Paulo. Mas não foi uma exposição qualquer.
Mário de Andrade, junto com Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Menotti del Picchia, formaram o "Grupo dos Cinco" e fizeram da Semana da Arte Moderna algo jamais visto antes. Os artistas, não só os 'Cinco', queriam mostrar ao público um novo conceito de arte, mais moderno e que rompesse com os padrões do momento. E Mário queria ir além de romper com o passado, queria instituir uma nova arte comprometida com a cultura brasileira.
O compromisso com a nossa cultura foi firmado tão fortemente que Mário viajou pelo país, estudando a cultura de cada região. Suas andanças pelo território brasileiro; Minas Gerais, em 24; 27, Amazonas; 28 e 29, Nordeste. Desse roteiro, Mário conseguiu insumo suficiente para produzir as obras
Clã do Jabuti, Macunaíma e Ensaio sobre a Música Brasileira.
Avançando no tempo, depois de assumir o cargo de diretor do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, entre os anos de 1935 a 1938, como dito anteriormente, Mário de Andrade foi demitido e obrigado a fugir para o Rio de Janeiro. Era a ditadura que ameaçava os artistas.
Mesmo com a fuga, Mário não deixou a cultura e muito menos deixou de ser reverenciado como deveria. Em 38, foi nomeado catedrático de Filosofia e História da Arte e, ainda, diretor do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal. e, em 1939, foi nomeado chefe da seção do Instituto Nacional do Livro.
Mário de Andrade faleceu em 25 de fevereiro de 1945, com apenas 51 anos, vítima de um ataque cardíaco, em sua cidade natal.
Características das obras de Mário de Andrade
Como um dos precursores do Modernismo e agente atuante na Semana da Arte Moderna, Mário de Andrade é um dos principais nomes da Primeira Geração Modernista, período entre os anos de 1922 e 1930.
Os primeiros modernistas, digamos assim, incluindo Mário, faziam parte da chamada “fase de destruição”. Isso porque o Modernismo vem para romper de vez com os padrões artísticos rígidos, até então. A arte brasileira já estava “velha” e conservadora, os modernistas vieram propor uma nova e livre arte nacional.
Mário de Andrade era um opositor ferrenho ao Romantismo e ao Parnasianismo. Suas obras vão contra ao perfeccionismo romântico e distante da realidade e totalmente desprendido do rigor formal do Parnasianismo. A estrutura de uma obra parnasiana era totalmente presa à metrificação de seus versos, coisa abominada por Mário.
Toda essa oposição tinha um porquê maior. Dar uma cara de Brasil às obras, sem amarras europeias. Para isso, agarra-se aos símbolos nacionais, ao nosso folclore, prima pela liberdade dos versos e uma escrita mais próxima à língua falada, o regionalismo passa a fazer parte dos escritos modernos de Mário de Andrade.
Obras de Mário de Andrade
- Há uma gota de sangue em cada poema (1917) - poesias
- Pauliceia desvairada (1922) - poesias
- A escrava que não é Isaura (1925) - ensaio
- O losango cáqui (1926) - poesias
- Primeiro andar (1926) - contos
- Amar, verbo intransitivo (1927) - romance
- Clã do jabuti (1927) - poesia
- Macunaíma (1928) - romance
- Modinhas imperiais (1930) - modinhas
- Remate de males (1930) - poesia.
- Música, doce música (1934) - crítica
- Belazarte (1934) - contos.
- O Aleijadinho e Álvares de Azevedo (1935) - ensaios
- Poesias (1941) - poesias
- O movimento modernista (1942) - memórias
- O empalhador de passarinho (1944) - artigos
- Contos novos (1947) - contos - obra póstuma
Conhecer nossos principais escritores e artistas deveria ser obrigação de todos que se dizem leitores. Não ser obrigado a ler tudo, mas saber quem fez e faz a nossa literatura acontecer é o mínimo.
Você é fã da literatura nacional? Já teve contato com o Mário de Andrade? Deixe para a gente, nos comentários, a sua experiência com ele e/ou outros autores nacionais.
Ah! E por falar em literatura nacional, antes de você ir, quero convidá-lo para conhecer uma nova obra brasileira. O meu livro:
Lucas: a Esperança do Último.
Em
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