O racismo estrutural é a naturalização de ações, hábitos, situações, falas e pensamentos que já fazem parte da vida cotidiana da sociedade, e que promovem, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial.
Já estamos em 2023 e
ainda há quem normalize frases e atitudes de cunho racista e preconceituoso. Geralmente, “escondem-se” em piadas que associam negros e outras minorias a situações vexatórias, degradantes ou criminosas. Ou atitudes baseadas em preconceitos, como desconfiar da índole de alguém pela cor de sua pele.
Afirmo ser inadmissível manter tais pensamentos, mas compreendo que é um longo caminho para nos livrarmos desse mal travestido de piadinhas e brincadeirinhas.
Por isso,
separei 6 livros que vão falar sobre o que é o racismo estrutural, trazer dados e estatísticas reais, para provar que o racismo existe, sim. E que cabe a cada um de nós o comprometimento de sermos mais humanos.
Continue com a leitura, compartilhe essa lista com seus amigos e, claro, dê mais sugestões de leituras obrigatórias contra o racismo estrutural.
1.
Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro
A filósofa e ativista Djamila Ribeiro tornou-se uma das principais vozes brasileiras contra o racismo. A sua obra
Pequeno Manual Antirracista trata de temas, além do racismo estrutural, como negritude, branquitude, cultura, violência racial e tantos outros.
O legal do livro é que ele é realmente como um manual, mas que se faz tão necessário para abrir nossos olhos para coisas que já são tão intrínsecas a nossa sociedade que não percebemos ou, simplesmente, “passamos pano”!
Djamila demonstra como essa “aceitação” do racismo é responsável por gerar desigualdades e abismos sociais.
2. Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus
A obra de Carolina Maria de Jesus é um relato da vida de uma catadora de papel, moradora da favela, nos anos 50. Porém, quem lê o livro, hoje, dificilmente consegue distinguir o que é passado e o que é presente.
Quarto de Despejo é o diário de Carolina Maria, pode não trazer conceitos sobre o que é o racismo, mas traz relatos de quem viveu na pele todas as dores de fome, violência, racismo e invisibilidade social.
Uma leitura bem pesada, impactante, mas diria que necessária.
3. O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório
Vencedor do
Prêmio Jabuti 2021, Jeferson Tenório faz da literatura a sua denúncia contra um país racista e seu sistema educacional falido.
O romance
O Avesso da Pele conta uma história que poderia ser a de tantos brasileiros negros e pobres. A truculência policial deixa Pedro, o protagonista, órfão de pai. A partir daí, ele parte para reconstruir os caminhos do seu pai.
Mas a história não se prende às lamúrias de Pedro, até porque ele não pode se dar ao luxo de deixar a vida acontecer. Principalmente porque ele é negro, pobre e a vida costuma cobrar diferente, a sociedade exige muito mais de pessoas como Pedro.
O destaque do livro é a construção dos personagens,
das particularidades e personalidades. Jeferson não se prende ao “fato isolado”, é a partir das dores que a história ganha forma.
O Avesso da Pele é um convite a sentir na pele o que é viver sendo negro, pobre e vítima de diversas formas de violência.
4. Racismo Estrutural, de Silvio Almeida
Essa sugestão é para quem acha que
Quarto de Despejo e
O Avesso da Pele são histórias fantasiosas, com exageros e que abusam de uma temática sensível para vender. Pois, para aqueles que dizem só acreditar vendo,
Racismo Estrutural é uma leitura, diria eu, obrigatória.
Para entender a obra do autor e advogado Silvio Almeida, temos que voltar nos anos 70, quando os autores Kwame Turu e Charles Hamilton definiram o que é
racismo institucional. O conceito foi publicado no livro
Black Power e muito mais do que a ação de indivíduos com motivações pessoais, o racismo está infiltrado nas instituições e na cultura, gerando condições deficitárias a priori para boa parte da população.
Com base nessa definição, Sílvio Almeida, com ajuda de Djamila Ribeiro, apresenta dados estatísticos e discute como o racismo está na estrutura social, política e econômica da sociedade brasileira.
5. O Pacto da Branquitude, de Cida Bento
Cida Bento é cofundadora do
Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), uma ONG que desde 1990 defende os direitos da população negra, em particular da juventude e das mulheres negras. Elabora e implementa programa de promoção da equidade racial e de gênero em instituições públicas e privadas.
Além disso,
Cida já foi eleita pela
The Economist uma das cinquenta pessoas mais influentes do mundo no campo da diversidade.
Com todas essas credenciais, é impossível não se interessar pela obra de Cida. E mais uma vez, estamos falando de um livro que traz dados e estudos que comprovam o racismo estrutural e pior, a existência de um pacto.
Ao longo dos anos,
Cida observou como as pessoas negras eram preteridas em processos seletivos de empresas, mesmo com um currículo mais “pomposo” e bem mais qualificadas que seus concorrentes brancos.
Em suas pesquisas de mestrado e doutorado, a autora se dedicou a investigar esse modelo, que se repetia nas mais diversas esferas corporativas, e a desmistificar a falácia do discurso meritocrático. O que encontrou foi um acordo não verbalizado de autopreservação, que atende a interesses de determinados grupos e perpetua o poder de pessoas brancas.
A esse fenômeno, Cida Bento deu o nome de
pacto narcísico da branquitude.
6. O Genocídio do Negro Brasileiro: processo de um racismo mascarado, de Abdias do Nascimento
Abdias do Nascimento é quase uma
unanimidade quando falamos sobre o ativismo negro no Brasil. E a sua influência extrapola os limites do nosso país.
Em 1977, em Lagos (Nigéria), Abdias apresentou, no Segundo Festival de Artes e Culturas Negras, um texto demonstrando a real condição dos negros no Brasil.
Por muitos anos, havia um discurso de que os descendentes dos africanos se encontravam, no Brasil, numa condição muito mais favorável do que a vivida pelos negros no sul dos Estados Unidos ou na África do Sul do apartheid. Era vendida a ideia de que o país vivia em uma “democracia racial”.
Inconformado, Abdias do Nascimento publicou que a situação era bem pior. O termo
genocídio foi a palavra encontrada para descrever o que viviam/vivem os negros, vítimas de um racismo velado, de uma política que conduz a um genocídio.
Conheça, agora, as minhas obras
Após estudar um assunto tão importante, fundamental para nossa sociedade, quero deixar uma sugestão para algumas leituras mais “leves”.
Apresento a você, o meu trabalho, a minha escrita, os meus livros. Quero que você conheça as minhas 4 obras publicadas:
- Corpos Amarelos e outros continhos - Vol.1: coletânea de 10 contos escritos por mim. Todos esses contos foram publicados, individualmente, no site
Continho.
- Frases minhas sobre um coração em festa: um compilado de frases poéticas escritas desde 2020. Inicialmente, essas frases serviram como um desabafo, uma catarse para os momentos conturbados que o autor passou.
- Lucas: a Esperança do Último: ano de 2042. Lucas e Félix são os únicos seres sobreviventes de Nova Del Rey, cidade que ainda carrega os impactos da Grande Extinção, ocorrida há 23 anos. A vida monótona de Lucas acaba quando ocorre um encontro inesperado.
- Antônio e o tempo:
Em uma tarde despretensiosa, ao voltar da faculdade, Antônio encontra uma maleta velha. No interior, um lindo relógio de bolso dourado. Um relógio especial, capaz de parar o tempo.
Ficou curioso e quer saber mais sobre as obras?
Acesse o meu site!