Juliano Loureiro • 17 de julho de 2020

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Quando alguém fala de gênero lírico com você, a primeira coisa que vem a sua cabeça são poemas e poesias, saiba que você não está errado!


No texto de hoje, vou abordar um dos três gêneros literários existentes, na concepção de Aristóteles. Se você ainda não sabe o que é um gênero literário, recomendo que leia o post “Gêneros literários: descubra quais são, seus estilos e características e descubra (ou relembre) o que Aristóteles tem a ver com literatura, gêneros literários e a poesia.



Mas deixe isso pra depois, já que você está aqui, saiba tudo sobre o gênero que transborda emoções e mexe com nosso íntimo.

O que é o gênero lírico?

Voltemos no tempo, lá no caderninho de anotações de Aristóteles (entre os anos 335 a.C. e 323 a.C), o Arte Poética, para buscar a resposta para esse questionamento.


O gênero lírico refere-se aos textos literários onde predominam a expressão de sentimentos e emoções, com uma subjetividade narrativa quase sempre em versos. O eu lírico é o personagem central, o que expressa/narra seus sentimentos.

Surgimento

Quem não gosta de história e curiosidades? Pois eu tenho uma sobre o gênero.


Você, provavelmente, já ouviu falar de um instrumento musical chamado lira, certo? Se não, fique sabendo que existe e algumas pessoas costumam confundi-la com uma harpa. Bem, mas este não é um conteúdo musical e você está se perguntando onde entra a lira, na história.


Há alguns bons anos atrás, lá na Grécia Antiga, a manifestação poética dos versos era feita ao som da lira. Os rapsodos, responsáveis por declamar os versos (já ouviu falar de rapsódia? Bohemian Rhapsody?), dedilhavam a lira enquanto liam as obras. Então, não é de hoje que as poesias têm uma leitura ritmada, quase como uma canção.


Ah! E o termo lírico tem origem no latim “lyricu”, termo que designava esses poemas “cantados” ao som da lira.

Características do gênero lírico

A característica marcante do gênero eu já falei no início do tópico anterior, que é a subjetividade da temática e uma narrativa feita por um eu lírico, que é narrador e personagem, afinal, são as suas emoções e sentimentos que estão sendo expostos.


Vale frisar que as expressões dos sentimentos não quer dizer que são sempre emoções positivas, mas há também espaço para uma narrativa furiosa, com ódio, rancor e, comumente visto, lamentações e frustrações. 


O gênero lírico consegue expressar todas essas emoções e sentimentos através do uso poético da linguagem, por isso abusa do significado conotativo das palavras e expressões, pronomes e verbos sempre em primeira pessoa e uso das figuras de linguagem.



Vou agora esmiuçar algumas características do gênero lírico para deixar tudo mais claro!

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O eu lírico no gênero lírico

 De novo, vou bater na tecla de que o gênero é marcado pela expressão de sentimentos e emoções, então é claro que há uma subjetividade na narrativa, porque nem todo mundo tem as mesmas percepções que o outro. Ficou claro?


O eu lírico, propriamente dito, é a “voz que se expressa” no poema. E aqui, um detalhe muito importante: o eu lírico não precisa ser o poeta necessariamente. O autor do texto pode, muito bem, criar uma figura lírica distinta do seu “ser real”. Ou seja, um poema escrito por uma poetisa pode ter como eu lírico um homem, ou uma criança. Então, lembre-se: nem sempre, o eu lírico de um poema é o seu autor.

Versos e estrofes

 Quando você ainda estava na escola, tendo aulas de português e literatura, como você identificava um poema? O jeito mais simples e intuitivo era por sua estrutura, não é mesmo? Frases que não ocupavam toda a linha do caderno, aqueles blocos de textos com 4 linhas somente. E aí, você aprendeu que a poesia é feita de versos e estrofes.


Espero que tenha aprendido esse “macete”, porque ele é fundamental para a concepção do gênero lírico.


O verso é cada uma daquelas linhas e ali está uma sucessão de sílabas poéticas (que é diferente daquela divisão com hífen, que você está pensando) ou fonemas, formando uma unidade rítmica e melódica. Cabe aqui, falar rapidamente sobre metrificação, que é a medida de um verso. E como medimos? Contando o número de sílabas poéticas.


E o que são as estrofes?



Estrofe nada mais é do que a junção de versos. O mais legal é que as estrofes têm nomes, definidos pela quantidade de versos agrupados:


  • dístico: dois versos
  • terceto: três versos
  • quarteto ou quadra: quatro versos
  • quintilha: cinco versos
  • sexteto ou sextilha: seis versos
  • sétima ou septilha: sete versos
  • oitava: oito versos
  • nona: nove versos
  • décima: dez versos


Aposto que você leu todas as características sobre o gênero lírico e percebeu que até agora, eu não falei sobre uma das principais marcas dos poemas e poesias. Então, vamos lá porque é um conceito bem simples.


A rima é um recurso musical que se aproveita da semelhança sonora das palavras situadas ou no final ou no interior dos versos.

Subgêneros do gênero lírico

Agora que já expliquei alguns conceitos, fica fácil entender este próximo tópico, porque os subgêneros líricos estão totalmente ligados à métrica. E isso vem lá da Grécia Antiga, quando os poemas eram divididos pela medida de um verso.


Os subgêneros são:


  1. Soneto: poema formado por 14 versos, sendo dois quartetos e dois tercetos. Outra característica é a presença constante da rima. Um exemplo clássico de soneto é “Amor é fogo que arde sem se ver”, de Camões.
  2. Ode: é um poema de exaltação, geralmente, de um personagem, algo ou alguém. Geralmente, suas estrofes são compostas por quatro versos.
  3. Hino: estrutura semelhante à ode, porém a exaltação é a uma nação ou entidade religiosa.
  4. Sátira: um dos subgêneros mais famoso, tem como objetivo ridicularizar pessoas e situações, apontando falhas e defeitos diretamente.
  5. Elegia: poema em um tom bem melancólico, lamentando a morte ou algum outro acontecimento triste.
  6. Écloga: poesia que aborda a vida pastoril e bucólica.
  7. Haicai: poema de origem japonesa formada por dezessete sílabas e que tem como temática a natureza.
  8. Idílio: bem semelhante à écloga, porém sem a construção de diálogos.
  9. Epitalâmico: um poema em celebração ao casamento.


Agora que você já sabe um pouco mais sobre o que é o gênero lírico e suas características, conte pra mim qual a sua relação com poemas e poesias. Você gosta desse tipo de leitura? Ou você escreve poesias?


Caso você tenha um lado poeta ou poetisa, quero fazer um convite!


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Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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