Rafaela Baião • 31 de maio de 2020

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Eu não tenho dúvida que a insegurança é um sentimento muito presente em quem produz conteúdo, seja textos institucionais ou publicitários para empresa que trabalha, artigos para publicar no próprio LinkedIn ou as páginas do livro que pretende publicar um dia.

 Arrisco afirmar que mesmo aqueles que são mais autoconfiantes se sentem um pouco vulneráveis na hora de escrever… Uns porque pensam que não escrevem tão bem assim. Outros porque acreditam que não tem sobre o que escrever. E outros — e talvez esses sejam a maioria — porque acham que as pessoas não vão gostar daquilo que eles colocam no papel.

Escrevo tudo isso com muita propriedade, afinal, mesmo depois de mais de 15 anos tendo a escrita como fiel companheira, eu vivo todos esses sentimentos — não necessariamente ao mesmo tempo — quase todas as vezes em que sento na frente de um computador ou de um papel para produzir um conteúdo. A verdade é que não há como se ver livre deles e, logo, não seria possível eu estar aqui para te ensinar como fazer isso.

O que quero compartilhar, na verdade, é uma constatação da qual eu tento me convencer todos os dias em que os sentimentos relatados acima teimam em ocupar um espaço maior do que eles deveriam dentro de mim. Se não há como fugir das inseguranças, o único caminho que vai te permitir chegar no destino final — que é o seu conteúdo produzido — é descobrir o seu jeito de fazer um texto acontecer, apesar desses sentimentos. Acredite: é preciso dar as mãos para eles e seguir em frente!

Se você não tem ideia nem de por onde começar, aqui vão alguns conselhos de uma produtora de conteúdo especialista em insegurança.

Escreva, mesmo que você ache que não escreve tão bem

Antes de mais nada, preciso confessar uma coisa: eu não acredito muito em técnicas quando o assunto é escrita! Fico sempre com receio de falar isso, porque as pessoas que gostam de produzir conteúdos, mas acham que não escrevem tão bem, podem se sentir desmotivadas, já que, teoricamente, se não existem técnicas, não há o que aprender. Mas, não é bem por aí… O que você precisa aprender, na verdade, é qual é o SEU jeito de escrever! Técnicas são normas, padrões, são caixinhas que inventaram para as pessoas entrarem.

Se você não couber em nenhuma das caixinhas que já existem significa que não é capaz de escrever um bom texto? Esse era exatamente o meu questionamento e uma fonte de uma constante preocupação quando comecei a estudar mais sobre escrita… “Não use adjetivos em seu texto”, diziam. Por que não? Pra mim, adjetivos são ótimas ferramentas para expressar meu sentimento em relação a algo ou alguém. “Evite a repetição de palavras”, determinavam. Mas, e se esse for o melhor caminho para reforçar uma ideia que precisa ser enfatizada para o texto entregar o que eu gostaria? “Não escreva em primeira pessoa”, foi o que me ensinaram na faculdade. Você tá louco? Escrever sobre as MINHAS experiências, os MEUS pensamentos, os MEUS sentimentos é o melhor caminho para a construção de um texto autêntico e que faça sentido.

Acho que deu pra entender que, se você não couber em nenhuma das caixinhas que já existem, o único jeito é criar a sua própria caixinha! É por isso que eu acredito que existem tendências, e não técnicas, de escrita… Sabe quando você lê o texto de alguém e pensa: “puxa, eu queria escrever como essa pessoa”? Não tem como saber quais as técnicas a pessoa utiliza para colocar as palavras no papel (e posso te garantir que, provavelmente, ela não usa técnica nenhuma)! Mas, isso não é o fim da linha… Você pode se inspirar no estilo de escrita dela — que é o que vai mostrar as tendências que ela segue para colocar as palavras no papel — para entender qual é o seu. E, no fundo, é isso, e apenas isso, que importa de verdade!

Em um mundo no qual as possibilidades de caixinhas são infinitas e que técnicas não são o que define o modo de fazer, escrever ou não escrever bem é absolutamente subjetivo. Então, todas as vezes que você pensar que não escreve tão bem assim, faça-se uma pergunta: em qual caixinha você está tentando caber? Se for necessário, mude de caixinha, mas não deixe de escrever por conta disso! 

Escreva, mesmo que você ache que não tem nada a dizer

Esse é o segundo ponto que costuma gerar muita insegurança em quem produz conteúdo. E é por causa dele que acabamos caindo no buraco negro do mundo da escrita: a falta de frequência. Por, supostamente, não termos o que dizer, optamos por não escrever e, assim, vamos vivendo em um círculo vicioso que nos impede de sair da inércia. Observe que eu usei a palavra “supostamente”. Sabe porque? Porque não ter sobre o que escrever é apenas uma suposição que, diga-se de passagem, nunca vai se concretizar. 

Você deixaria de encontrar um amigo, porque não tem o que conversar com ele? Deixaria de ir na casa dos seus pais, porque acha que vai ficar sem assunto? Mesmo que sejam sobre banalidades, conversas fazem parte da nosso dia a dia… E um texto nada é mais do que isso: uma conversa! Seja com você mesmo, seja com seus seguidores, seja com seus clientes, seja com um amigo... E aí, você pode estar se perguntando: “ah, mas eu vou escrever sobre o que aconteceu no meu dia, que é o que faria no encontro com um amigo”? E eu te respondo: não necessariamente. Você vai encontrar o seu jeito de contar essa história e, certamente, ele não vai ser apenas um relato dos fatos.

Se você se encaixa nesse grupo de pessoas que têm dificuldade para escrever, porque acreditam que não têm o que dizer, sugiro que você leia meu segundo texto publicado aqui no Bingo! Nele, eu falo sobre a importância da escuta para o processo de escrita e dou algumas dicas para você encontrar fontes de inspiração onde você menos espera.

Sabe uma característica bem comum que eu vejo nas pessoas que acham que não tem sobre o que escrever? O pensamento de que ninguém vai se interessar pelo que elas têm a dizer! Esse é um questionamento muito importante a se fazer, quando percebermos que pensamentos como esses andam nos rondando — o que continua acontecendo comigo, com bastante frequência, vale ressaltar. Eu realmente não tenho sobre o que falar ou eu acho que ninguém vai gostar do que eu tenho pra falar? Não se preocupe se você não souber a resposta agora… O tópico abaixo pode te ajudar a esclarecer os pensamentos!

Escreva, mesmo que você ache que ninguém vai gostar

Esse é o último e talvez mais importante ponto deste texto. No geral, o ser humano é muito ligado à opinião dos outros e essa costuma ser uma barreira significativa para quem gosta ou pretende produzir conteúdos. E eu já vou começar esse tópico contando uma verdade que, pra mim, costuma funcionar como o ingrediente que garante sucesso na tentativa de superar esse sentimento: a escrita é, antes de tudo, pra você!

Enquanto eu fiquei preocupada com o que os outros iam pensar dos meus textos, receosa de que iam me julgar pelo que eu publicava e insegura com a possibilidade de que meus conteúdos pudessem não ter uma leitura sequer, eu não consegui sair do lugar. Até o dia que a ficha caiu e me convenci de que a primeira e mais importante razão para eu botar o que eu pensava e sentia no papel era o sentido que aquele texto fazia para mim e o valor que ele agregava para a minha vida.

Foi essa virada de chave — consequência de um longo processo, sobre o qual eu falei neste texto aqui — que me fez passar a escrever mais. Até que um dia, eu concluí que valia a pena começar a publicar meus textos. Pode ser que ninguém goste e que, de fato, os textos só façam sentido para mim… Mas, é aquela história do copo meio cheio e meio vazio, sabe? Se as minhas palavras, que fazem tanto sentido para mim, tiverem a chance de entregar valor para mais uma pessoa que seja, por que não arriscar? Eu luto todos os dias para sempre optar pelo copo meio cheio! 

No fim das contas, o que eu quero que você entenda é que, mesmo não sendo nenhuma especialista em produção de conteúdo, se hoje estou publicando meus textos aqui é porque consegui encontrar maneiras de superar todas essas barreiras que, durante muito tempo, também foram empecilhos para o meu processo de escrita. E lembra do que eu falei lá no início do texto? Não há como se livrar desses sentimentos! O que é possível e precisamos fazer é aprender a andar de mãos dadas com eles, porque só assim eles deixam de ser obstáculos para o nosso processo e passam a ser companheiros de viagem.

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


Para aprender mais sobre escrita criativa, confira meu canal no Youtube, vídeos diários para você. CLIQUE AQUI e confira.

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