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Juliano Loureiro • 16 de janeiro de 2025

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Diálogos são uma das ferramentas mais poderosas em textos narrativos, sejam contos, romances ou novelas. Eles dão vida aos personagens, revelam suas personalidades e avançam a trama de forma natural. No entanto, construir diálogos eficazes não é tão simples quanto parece.


Muitos escritores, especialmente iniciantes, cometem erros que podem deixar suas histórias menos envolventes ou até confusas. Neste post, você descobrirá os erros mais comuns na construção de diálogos e como evitá-los.


Boa leitura!

8 erros que você não deve cometar nos diálogos da sua história

Vamos para as principais dicas para evitar que você crie diálogos ruins. Confira:

1. Exposição excessiva nos diálogos

Um dos erros mais frequentes é usar os diálogos para despejar informações sobre a história ou os personagens de maneira artificial. Por exemplo:


Exemplo ruim:
– Como você sabe, Maria, sou seu irmão mais velho e cuido de você desde que nossos pais morreram naquele acidente há cinco anos.


Esse tipo de diálogo soa forçado porque os personagens já conhecem essas informações. Parece que eles estão conversando apenas para informar o leitor.


Como evitar?

  • Dê essas informações de forma indireta ou insira-as na narração.
  • Use diálogos para revelar emoções ou para mover a trama adiante, não como um substituto para a narração.


Exemplo corrigido:
– Você sempre age como se fosse meu pai!
– Alguém precisa agir, Maria.


Aqui, a relação entre os personagens fica clara sem uma exposição óbvia.

2. Personagens que falam de forma igual

Se todos os personagens têm o mesmo estilo de fala, o diálogo perde autenticidade. É como se uma única voz falasse por todos, o que prejudica a individualidade de cada personagem.


Como evitar?

  • Observe como pessoas reais falam. Pense no histórico, personalidade e cultura de cada personagem.
  • Um adolescente rebelde fala de forma diferente de um professor universitário, por exemplo.
  • Trabalhe sotaques, gírias, vocabulário e cadência, mas com moderação para não cansar o leitor.



Exemplo ruim:
– Podemos, sim, realizar o plano amanhã.
– Concordo. Amanhã será perfeito.


Exemplo corrigido:
– Bora fazer isso amanhã.
– É, amanhã funciona melhor pra mim.

3. Diálogos muito longos ou muito curtos

Diálogos longos demais tornam-se monótonos e podem transformar o texto em um "bloco" cansativo de leitura. Já diálogos curtos demais podem deixar a interação superficial e confusa.


Como evitar?

  • Equilibre o ritmo. Alterne falas mais curtas com algumas um pouco mais elaboradas.
  • Insira pausas naturais, como descrições ou ações dos personagens, para "respirar".


Exemplo:
– Você tá nervoso?
Pedro ajeitou o colarinho e desviou o olhar.
– Não. Quer dizer, um pouco. É importante, sabe?


Aqui, a descrição entre as falas torna o diálogo mais dinâmico.

4. Uso excessivo de verbos de diálogo alternativos

Muitos escritores tentam evitar o verbo "disse" a todo custo, usando substitutos como "afirmou", "comentou", "esbravejou", "retrucou", etc. Embora esses verbos tenham seu lugar, usá-los demais pode deixar o texto exagerado e artificial.


Exemplo ruim:
– Eu não concordo! – esbravejou Maria.
– Pois deveria! – retrucou João, com um olhar fulminante.


Como evitar?

  • Use "disse" ou "perguntou" como padrão. Eles são neutros e quase "invisíveis" para o leitor.
  • Só use verbos alternativos quando forem realmente necessários.



Exemplo corrigido:
– Eu não concordo! – disse Maria.
– Pois deveria! – respondeu João.

5. Falta de subtexto

Diálogos que dizem exatamente o que os personagens estão pensando ou sentindo podem parecer artificiais. Na realidade, as pessoas nem sempre dizem o que realmente querem ou pensam.


Exemplo ruim:
– Estou muito magoada com você porque não me convidou para sua festa.


Como evitar?

  • Insira subtexto. O que o personagem não diz pode ser tão importante quanto o que ele diz.
  • Use gestos, expressões e tons para transmitir emoções.


Exemplo corrigido:
– Parece que sua festa foi incrível.
– Foi, sim.
– Que bom que todos se divertiram.


O leitor percebe que o personagem está magoado, mesmo sem dizer isso explicitamente.

6. Diálogos que não avançam na trama

Todo diálogo precisa ter um propósito. Se ele não revela algo sobre os personagens ou não move a história, ele está apenas ocupando espaço.


Exemplo ruim:
– Oi, tudo bem?
– Tudo. E você?
– Também. Que bom!


Como evitar?

  • Pergunte a si: esse diálogo é essencial para a história ou para o desenvolvimento dos personagens?
  • Se não for, corte-o ou reescreva-o com um propósito claro.


Exemplo corrigido:
– Oi. Achei que você não fosse vir.
– Também achei. Mas estou aqui, não estou?



Aqui, o diálogo cria tensão e intriga.

7. Falta de marcas de ação ou descrição

Um diálogo sem nenhuma descrição ou ação pode ficar "flutuando", dificultando que o leitor imagine a cena. Por outro lado, um excesso de descrições pode tornar a leitura pesada.


Exemplo ruim:
– Você ouviu isso?
– Não ouvi nada.
– Acho que tem alguém lá fora.


Como evitar?

  • Insira ações e reações sutis que ajudem a construir o ambiente ou a emoção da cena.


Exemplo corrigido:
– Você ouviu isso? – Ana sussurrou, apertando a lanterna com força.
– Não ouvi nada – disse Pedro, olhando em volta.
Um galho estalou do lado de fora.
– Acho que tem alguém lá fora.

8. Pontuação e formação incorretas

Erros de pontuação e formatação nos diálogos podem distrair o leitor e prejudicar a fluidez da leitura. Por exemplo:


Exemplo errado:
– Onde você vai? Perguntou Maria.
– Vou sair. Respondeu João.


Como evitar?

  • Certifique-se de que a pontuação está correta.
  • Em português, o verbo de elocução (disse, perguntou, respondeu) começa com letra minúscula.


Exemplo corrigido:
– Onde você vai? – perguntou Maria.
– Vou sair – respondeu João.

Conclusão

Dominar a construção de diálogos é essencial para qualquer escritor que queira criar histórias envolventes e personagens memoráveis. Evitar erros comuns, como exposição excessiva, falta de subtexto e formatação incorreta, pode transformar seus diálogos em ferramentas poderosas para engajar o leitor.


Lembre-se: prática e revisão são fundamentais. Leia seus diálogos em voz alta, analise como eles fluem e pergunte-se se estão cumprindo seu papel na narrativa. Com dedicação, seus diálogos se tornarão uma das partes mais fortes da sua escrita!


E aí, qual desses erros você já identificou nos seus textos? Conta nos comentários! 😊

Um homem com tatuagens senta-se à mesa com lucas remando livros

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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