Juliano Loureiro • 27 de maio de 2022

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Com o objetivo de ler todos os livros de Raphael Montes, agora foi a vez de ler Dias Perfeitos. Um livro que tenho há 2 anos na minha prateleira e que só agora foi o escolhido. Já adianto, o livro fica bem abaixo dos outros que li do autor, Caso queira ler as outras resenhas, acesse os links abaixo:



Se eu elogiei bastante Montes nas outras resenhas, hoje será diferente. Me acompanhe nas próximas linhas e veja o que achei do livro do autor lançado em 2014.

Sobre o autor, Raphael Montes

Montes nasceu em 22 de setembro de 1990, no Rio de Janeiro. É conhecido por suas histórias de suspense, crime e terror. Formado em direito, pouco teve tempo de exercer a carreira jurídica, já que aos 20 anos, em 2010, publicou o seu primeiro romance: Suicidas, pela Editora Benvirá.


Após Suicidas, lançou outros romances e além de escritor, também é roteirista e produtor executivo de obras televisivas. Em 2018, lançou um curso online, Escreva o seu romance, curso de escrita criativa com o objetivo de ajudar escritores iniciantes com técnicas de escrita literária.


Em 2020, a obra "Bom dia, Verônica" (2016), escrita em parceria com Ilana Cazoy, ganhou uma produção cinematográfica na Netflix. No ano seguinte, foi responsável pelo roteiro de "A Menina que Matou os Pais" e "O Menino que matou meus pais", filmes que narram a história de Suzane Von Richthofen  sob duas perspectivas.


Atualmente, Raphael Montes está escrevendo seu novo romance (ainda não revelado), mas o foco parece ser mesmo as produções audiovisuais. Foi contratado pelo canal de streaming HBO Max e já tem alguns projetos já encaminhados.

Sinopse de Dias Perfeitos

O protagonista do livro é Téo, um jovem e solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e dissecar cadáveres nas aulas de anatomia. Num churrasco a que vai com a mãe contrariado, Téo conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema.


Clarice está escrevendo um road movie de nome Dias Perfeitos. O texto ainda está cru, mas ela já sabe a história que quer contar: as desventuras de três amigas que viajam de carro pelo país em busca de experiências amorosas. Téo fica viciado em Clarice: quer desvendar aquela menina diferente de todas que conheceu. Começa, então, a se aproximar de forma insistente. Diante das seguidas negativas, opta por uma atitude extrema: desfere um golpe na cabeça dela e, ato contínuo, sequestra a garota.


Elabora então um plano para conquistá-la: coloca-a sedada no banco carona de seu carro e inicia uma viagem pelas estradas do Rio de Janeiro - a mesma viagem feita pelas personagens do roteiro de Clarice. Passando por cenários oníricos, entre os quais um chalé em Teresópolis administrado por anões e uma praia deserta e paradisíaca em Ilha Grande, o casal estabelece uma rotina insólita: Téo a obriga a escrever a seu lado e está pronto para sedá-la ou prendê-la à menor tentativa de resistência. Clarice oscila entre momentos de desespero e resignação, nos quais corresponde aos delírios conjugais de seu sequestrador.


O efeito é tão mais perturbador quanto maior a naturalidade de Téo. Ele fala com calma, planeja os atos com frieza e justifica suas decisões com lógica impecável.

Como se desenvolve o livro

Apesar da sinopse interessante, Dias Perfeitos não se confirma como um bom livro. Montes é um ótimo escritor, conseguindo prender a atenção do leitor mesmo com um roteiro fraco e recheado de furos. O início é bom, começa interessante e logo nos deparamos com um livro pesado, com diversas cenas de abuso e violência por parte do Téo.


Montes tem o mérito de construir bons personagens, que envolve o leitor e por diversos momentos me senti na pele do Téo, o que trouxe diversas sensações ruins. Ele é cruel, abusa de Clarice do início ao fim, mas é aí que começam os problemas. Boa parte do livro são de momentos que Téo mantém Clarice sob seu controle, sedando-a, prendendo-a com algemas e mordaças sob a desculpa que estava cuidando dela. O autor consegue transpassar ao leitor o que passa na cabeça de Téo, todavia, certo ponto tudo isso fica chato e até bobo.


Fiquei torcendo por Clarice, para que ela conseguisse fugir de Téo e isso acontece. Em um descuido, ele é consegue desarmá-lo e o prende na cama com as algemas. Mas a glória dura pouco e em poucos capítulos ele retoma o controle. Foi um banho de água fria.,


O casal viajou durante meses e pouco do que acontece nesse período parece verossímil. A execução do sequestro de Clarice é ruim, as desculpas recorrentes de Téo para sua mãe, Patrícia, e a mãe de Clarice, Helena, são bobas e em um mundo real isso seria impossível. Quem fica quase 90 dias sem ver o filho e aceita umas desculpinhas vindas via telefone vez ou outra?


As reviravoltas são ruins. Na verdade, não há uma grande reviravolta. Téo se dá bem ao final do livro. Por ser um abusador e assassino, esperava-se que ele pagasse pelos seus crimes, o que não acontece. Quando retornaram de viagem, nem médicos, nem policiais e nem os pais do casal foram capazes de desconfiar que Téo estava mentindo e que ele havia cometido todos aqueles abusos com Clarice. 


O último capítulo é corrido, com diversos acontecimentos sendo explicados em poucas frases. Seria melhor se fosse um epílogo. Por fim, Dias Perfeitos poderia ser um livro melhor se fosse mais enxuto, com diversos capítulos a menos. Isso pouparia o leitor da repetição de fatos.

Dias Perfeitos vale a pena?

Para quem não conhece os livros do Raphael, não recomendo Dias Perfeitos. Pode-se ter uma impressão ruim do autor, que é bastante competente e tem outros livros muito bons. Para quem já conhece o autor, a leitura é válida como forma de ficar ainda mais por dentro sobre como ele escreve.


O que achou da resenha do livro? Comente aqui abaixo e até o próximo texto.

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


Para aprender mais sobre escrita criativa, confira meu canal no Youtube, vídeos diários para você. CLIQUE AQUI e confira.

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