Juliano Loureiro • 11 de setembro de 2020

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Dona Benta, Pedrinho, Narizinho, Emília, Tia Anastácia, Visconde de Sabugosa, Tio Barnabé, Marquês de Rabicó, o burro Conselheiro, rinoceronte Quindim e a Cuca.


Lanço o desafio de você encontrar um adulto, com seus 30, 40 anos que não saiba quem são esses personagens e quem é o “pai” deles.


Monteiro Lobato é um ícone da literatura brasileira, principalmente da literatura infantil. Talvez, só O Sítio do Picapau Amarelo seja o suficiente para justificar tamanha relevância, mas seria injusto com a carreira e vida do autor.


Então, que tal sairmos um pouco do sítio e conhecer a vida e obra de Monteiro Lobato? É sobre ele que vou falar hoje e você é meu convidado de honra para embarcar nessa viagem.


Boa leitura.

Biografia de Monteiro Lobato

monteiro-lobato

Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, São Paulo, no dia 18 de abril de 1882. Considerado um dos maiores escritores do país, destacou-se mesmo na literatura infantojuvenil, como disse no início do texto. 


O que eu ainda não falei e, talvez, você não saiba, é que
ele foi um dos primeiros autores nacionais de literatura infantil e, inclusive, um dos primeiros de toda a América Latina.


Neto do Visconde de Tremembé, Monteiro Lobato teve fortes influências em casa, para se tornar um apaixonado pela leitura. Ele foi alfabetizado pela sua mãe, Olímpia Monteiro Lobato, e leu absolutamente todos os livros infantis da biblioteca do avô.


José Bento Monteiro Lobato faleceu em São Paulo, no dia 5 de julho de 1948, de problemas cardíacos.

Infância e formação acadêmica

Aos 13 anos, muda-se para São Paulo com o intuito de se preparar para entrar na faculdade de Direito. Conseguiu ingressar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde formou-se em 1904. 


Curiosidade: no discurso de formatura, Monteiro Lobato mostrou do que era capaz com as palavras. Ele proferiu um discurso tão ácido e agressivo que professores, padres e bispos se retiraram do ambiente.

Casamento e promotoria pública

Ainda em 1904, Lobato retorna para Taubaté. E nesse retorno, ele conheceu sua esposa Maria Pureza Natividade, com quem se casaria quatro anos depois. Com o diploma de direito em mãos, Monteiro Lobato prestou concurso para a Promotoria Pública, assumindo o cargo na cidade de Areias, no Vale do Paraíba, no ano de 1907. 


Mesmo ocupando um cargo de Promotor, Monteiro Lobato não largou as artes. O autor mantinha textos publicados em revistas e em jornais, em São Paulo, Santos e Rio de Janeiro, além de publicar desenhos e caricaturas.


A estadia de Lobato e Maria Pureza, na cidade de Areias, durou até 1911. Nesse ano, Visconde de Tremembé, avô de Lobato, faleceu, deixando-lhe de herança uma fazenda em Taubaté, para onde se mudou.

Carreira de Monteiro Lobato

Seis anos mais tarde, Monteiro Lobato vende a fazenda e muda-se para Caçapava. A partir daí, o autor passa a dedicar-se exclusivamente à escrita. Seus primeiros grandes atos foram a criação da revista Paraíba, em 1917 e a compra da Revista Brasil.


A revista
Paraíba tinha tudo para ser um grande sucesso, teve em seu quadro de colaboradores nomes como Coelho Neto, Olavo Bilac e Cassiano Ricardo, porém a sua publicação foi encerrada com 12 números publicados. 


Já a história com a
Revista Brasil foi diferente. Lobato já era um colaborador da revista até decidir comprá-la. Após a compra, torna-se editor da mesma e a transforma em um centro de defesa da cultura nacional.


Entre erros e acertos literários,
Monteiro Lobato teve mais uma baixa marcante na sua carreira como empresário da literatura. Após os episódios com as revistas, o escritor resolve criar a Companhia Gráfico-Editora Monteiro Lobato. Porém, em 1924, a gráfica fecha as portas devido a um racionamento de energia.


Mesmo com tantas oscilações, temos que reconhecer que Monteiro Lobato foi um cara persistente. Com a falência da sua gráfica, o nosso autor vende tudo da antiga empresa e funda a Companhia Editora Nacional, editora pela qual seriam lançadas suas obras infantis.

Publicações de Lobato

 Agora que já dei uma passada pela história de Monteiro Lobato, é hora de dedicarmos um espaço para tudo que diz respeito às suas publicações literárias. Então, não se assuste se eu voltar um pouco a linha do tempo, do texto.


Ah! E se você perceber que algum dado da história de Monteiro Lobato ainda não foi citado, fique tranquilo que, mais adiante, eu preparei um tópico exclusivo para curiosidades.


Voltando ao ano de
1912, mais precisamente em novembro daquele ano, Monteiro Lobato teve uma carta sua publicada no jornal O Estado de São Paulo. No texto, Lobato acusa os caboclos de serem pessoas ignorantes, por conta das queimadas e afirmava que a miséria impediria o desenvolvimento da agricultura, no local. A crítica era tão ácida que o artigo tinha o título de Velha Praga.


Um texto já foi suficiente para causar polêmica, porém, parece não ter sido o bastante para Monteiro Lobato. Não satisfeito com o resultado de
Velha Praga, mais tarde publica o artigo Urupês. É neste texto que surgirá o seu primeiro grande personagem, o Jeca Tatu.


No ano de 1917, mais uma polêmica do autor. Novamente O Estado de São Paulo publica uma carta de Lobato, dessa vez,
Paranoia ou Mistificação? ‘atacava’ a exposição de Anita Malfatti, pintora paulista recém chegada da Europa. 


A crítica foi o suficiente para dar o pontapé ao Movimento Modernista e enquadrar, de forma definitiva,
Monteiro Lobato como um autor pré-modernista.


O primeiro livro de Monteiro Lobato leva o título de um de seus contos aqui citado.
Urupês é uma coletânea de contos, lançada no ano de 1918. A obra é um sucesso de venda e os exemplares esgotaram em todas as sucessivas tiragens. 


Após o sucesso de Urupês, em 18, mal mal sabia Lobato que sua vida estava por mudar, mais precisamente, no ano de 21.
Narizinho Arrebitado foi um livro publicado para ser trabalhado em salas de aulas. 


Porém, como a gente sabe, o sucesso foi tão grande, que do primeiro livro surgiu uma coleção de 23 volumes, girando em torno de um sítio e seus moradores, vizinhos, amigos e “inimigos”.

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Características da obra de Lobato

Monteiro Lobato é um autor do Pré-Modernismo brasileiro, como pontuei anteriormente. Apesar de um posicionamento contra o Modernismo, vemos em suas obras uma preocupação com a cultura brasileira.


Mestre na arte dos contos e fábulas, Monteiro Lobato cria e narra suas histórias em um ambiente de vilarejos decadentes, quase sempre no Vale do Paraíba e em um contexto de crise no setor do café.

Principais obras:

  • Urupês, 1918;
  • O Saci, 1921;
  • Narizinho Arrebitado, 1921;
  • Fábulas, 1922;
  • O Marquês de Rabicó, 1922;
  • As Aventuras de Hans Staden, 1927;
  • Peter Pan,1930;
  • Reinações de Narizinho, 1931;
  • Caçadas de Pedrinho, 1933;
  • Emília no País da Gramática, 1934;
  • Geografia de Dona Benta, 1935;
  • Dom Quixote das Crianças, 1936;
  • Histórias de Tia Nastácia, 1937;
  • O Poço do Visconde, 1937;
  • O Picapau Amarelo, 1939.

Curiosidades sobre Monteiro Lobato

  • Não por acaso, o Dia Nacional do Livro Infantil é comemorado em 18 de abril, data de aniversário de Monteiro Lobato, o pai da literatura infantil brasileira;
  • Nascido e registrado como José Renato Monteiro Lobato, resolveu mudar de nome, somente para poder usar a bengala de seu pai. O que isso tem a ver? Na bengala, estavam gravadas as iniciais J.B.M.L (José Bento Marcondes Lobato), Lobato então alterou seu nome de batismo para José Bento Monteiro Lobato. Pronto, agora suas iniciais eram as mesmas que as do seu pai;
  • Monteiro Lobato tinha um temperamento bem forte desde a infância. Prova disso foi a recusa em fazer a primeira comunhão. Isso foi um baita de um choque para a sociedade à época;
  • Apesar do sucesso com a turma do Sítio, o primeiro personagem icônico de Lobato foi o Jeca Tatu, na coletânea Urupês, lançado bem antes da publicação de A Menina do Narizinho Arrebitado (1920);
  • O personagem Jeca Tatu tornou-se um personagem da luta pelo saneamento básico, no Brasil. Monteiro Lobato utilizou-se do personagem em campanhas e anúncios para conscientizar a população e pressionar a elite brasileira a ceder o serviço à toda população;
  • Monteiro Lobato chegou a ser preso, sob a acusação de injúria ao Estado. Condenado a seis meses de prisão, o escritor ficou apenas três meses na cadeia;
  • O escritor foi um dos fundadores da Companhia Petróleos do Brasil, em 1931. O que o levou à cadeia foi o constante ataque ao governo Vargas, principalmente após ter o seu livro O Escândalo do Petróleo, censurado pelo então presidente.
  • Em 2017, os ‘gringos’ descobriram a Cuca. O que poderia ser algo bacana, acabou se transformando numa tremenda confusão, envolvendo Perez Hilton, internautas brasileiros e a família de Monteiro Lobato. Quer saber mais sobre essa confusão, confira a matéria da época;


Um último dado, porém de suma importância na biografia de Monteiro Lobato é o seu
comportamento controverso e racista. Nos últimos anos, muito tem se falado sobre a escrita de Lobato, principalmente quando se referia à Nastácia. 


Um estudo de 2013, trouxe o assunto à tona e não somente em seus textos, Monteiro Lobato tem sido questionado. É sabido que o autor tinha proximidade com os mentores do conceito de eugenia, no Brasil, os médicos Renato Kehl e Arthur Neiva. 


O racismo é uma coisa indefensável, independentemente de época ou de quem o pratica. Inclusive, já abordei o tema, aqui no blog, de maneira construtiva. Eu trouxe dicas de livros para você aprender sobre o racismo e como combatê-lo.


Antes de encerrar, eu quero te dar uma super dica e, por que não dizer, um presente para quem gosta de escrever. Quem sabe você não tem aí uma excelente história para ser um marco na literatura brasileira?


Você quer transformar suas histórias em um livro de sucesso? Ou não, você quer apenas publicar, apenas para ter como recordação, mas não sabe como materializar tudo isso?


Eu vou te ajudar a publicar o seu livro. E o melhor, de graça. Eu preparei um e-book com dicas essenciais para quem deseja realmente publicar um livro, tirar suas ideias do imaginário e transformá-las em uma obra literária.


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Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


Para aprender mais sobre escrita criativa, confira meu canal no Youtube, vídeos diários para você. CLIQUE AQUI e confira.

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